quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O Exemplo do Egito

Finalmente Hosni Mubarak cedeu às pressões e anunciou que vai deixar a presidência do Egito. Em setembro. Ou seja, não satisfeito com mais de 30 anos de poder, ele quer esperar mais alguns meses e sair “pela porta da frente”, após as eleições, e não deposto por uma revolta popular.

No Egito, dois terços da população têm menos de 30 anos. Desses, 90% não têm emprego formal. A população de um dos maiores destinos turísticos do mundo vive na miséria. Não é de se espantar a proporção a que chegaram os protestos. O que mais chamou a atenção do mundo foi o que reuniu cerca de um milhão de pessoas. De certa forma, esse movimento popular veio com um atraso de anos ou até décadas. Foi preciso que outros protestos em países próximos, como a Tunísia, tivessem êxito no início de 2011 para que os egípcios tomassem a decisão de derrubar seu ditador.

E isso está próximo de acontecer. As forças de segurança do país não têm mais como conter a população furiosa. Os militares já confraternizam com os manifestantes, pois sabem que o confronto, além de desfavorável a eles, causaria um grande derramamento de sangue de compatriotas. Já bastam as mortes que ocorreram nos primeiros dias, com números que variam de 75 a 300.

Não acredito que Mubarak resista até setembro. Mesmo com a ajuda militar norte-americana de 1,2 bilhão de dólares por ano, o apoio político da comunidade internacional não veio. Apesar do receio da possível (embora não provável) ascensão de um governo fundamentalista islâmico ou resistente ao Ocidente, o mundo não pode fechar os olhos a um dos maiores movimentos populares das últimas décadas. O Egito, de belíssima História milenar, volta a ser o centro das atenções. Seu povo atraiu nos últimos dias a atenção e a simpatia do mundo. Que o desfecho seja favorável ao povo egípcio e que esse momento histórico sirva de exemplo.

Um comentário:

  1. Muito bom! A estreia do dr. Bruno Pires no blog chegou.

    O mais interessante é que essas mobilizações maiores ocorreram justamente nos países árabes que a mídia ocidental citava como exemplo de moderação e desenvolvimeto pra região: Tunísia e Egito.

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