sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

E é tudo verdade

Li o livro Elite da Tropa assim que foi lançado e fiquei ansioso pelo lançamento do filme que estava em produção, o que ocorreu alguns anos depois, com o nome Tropa de Elite. Gostei mais do livro que do filme. Anos depois, foi lançado o filme Tropa de Elite 2. O livro Elite da Tropa 2 veio em seguida. Eu daria um empate técnico entre estes últimos.

Como todos sabem, as obras narram os bastidores da polícia e da política do Estado do Rio de Janeiro. No segundo livro, são narrados episódios relativos às atividades das milícias e às investigações de uma delegacia especializada em crime organizado. O delegado deste distrito policial é um dos autores.

Um dos episódios que mais me chamou a atenção foi o do vazamento de uma operação. O superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro convocou o chefe da Polícia Civil do Estado para comunicá-lo sobre uma operação que seria realizada no dia seguinte. O subchefe também compareceu à reunião. Após meses de investigações, o chefe do tráfico da Rocinha enfim seria preso. Poucos minutos depois da reunião, um policial entra assustado no gabinete e mostra ao superintendente uma gravação do grampo do traficante. O subchefe avisava ao bandido sobre a operação da PF.

Como os autores deixaram claro que alteraram nomes e alguns detalhes das histórias, sempre me questiono até que ponto o fato narrado é verídico. Pois bem, li o livro em novembro de 2010. Eis que nos últimos dias, em fevereiro de 2011, uma operação da Polícia Federal prendeu dezenas de policiais no Rio, dentre eles o ex-subchefe operacional da Civil. Uma das provas da investigação mostrava justamente que ele informou ao chefe do tráfico da Rocinha sobre uma operação para prendê-lo, em 2009. A partir desse vazamento, a PF investigou o delegado e sua quadrilha por quase dois anos para colher provas suficientes e irrefutáveis, dando o bote no momento certo.

Ou seja, por mais assustador e incrível que pareça, é tudo verdade o que diz o livro. A corrupção no Brasil perdeu todos os limites. A crise deflagrada na Polícia Civil nos últimos dias, com diretores e delegados trocando acusações publicamente, em que um deflagra investigações contra o outro por disputa de cargos e revanchismo, gerou a mudança da cúpula da instituição. Aqueles homens bem trajados, com discurso rebuscado e imagem de defensores implacáveis e incorruptíveis da sociedade, perderam a credibilidade dos cidadãos brasileiros, não só dos fluminenses. A cada escândalo policial ou político, percebemos que nos bastidores acontecem coisas que até “eu” duvido.

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